De vez em quando lembro
De vez em quando lembro é um trabalho selecionado para o 1º. Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea, Brasília, 2017. Venho da formação em Cinema e a série traz um pouco dessa influência, tanto em relação ao movimento e ao fluxo, quanto ao recorte e ao frame. A posição da câmera subjetiva e um olhar voyer também fazem parte dessa poética, remetem ao cinema, como em Rear Window (Janela Indiscreta), clássico de Hitchcock de 1954.
O conceito do trabalho foi resultado de um diálogo com a curadora Cinara Barbosa. Uma parte da série, a sequência de 21 imagens apresentada no 1º. Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea, algumas repetidas, são como uma estratégia de gatilho para o exercício da lembrança. As cenas aparecem como imagens que se desvanecem por diversas camadas de memórias, memórias de pessoas, afetos, momentos, lugares, memórias de nós mesmos. Segundo Cinara, “o conjunto dos trabalhos como um todo poderia conjugar a concepção da ‘escola do olhar interior’. A tradição mnemônica que considera a ação de ‘lembrar/lembrar-se’ e a nominação ‘lembrança’ pertencentes a uma mesma condição: ao lembrarmos de algo, lembramos de nós (…). A sequência de imagens funciona como um jogo de cartas de adivinhação, que não diz tanto da predisposição do futuro, quanto de vermos aquilo a que nos pertence.”